top of page

Património histórico-arqueológico da Freguesia de Monsaraz

​Textos de Maria João Ângelo, Arqueóloga

 

Pré-História



   Para o período Paleolítico, os primeiros indícios das sociedades recolectoras  no actual território de Reguengos de Monsaraz, encontram-se registados em mais de uma dezena de sítios, segundo a base de dados do Endovélico (IGESPAR).  Os vestígios destas comunidades nómadas que se dedicavam à recolha de alimentos,  à caça e pesca verificaram-se em locais de ocupação temporária como por exemplo os habitats do Xerez de Baixo 5, Xerez de Baixo 6 (Monsaraz) e  o Monte do Roncanito 22 (Campo).



   Do período Mesolítico existe apenas a referência a um sítio junto a uma linha de água, afluente do Guadiana  - Barca do Xerez de Baixo  (Monsaraz) - alvo de escavação arqueológica entre 1999 e 2002, onde foram detectadas duas áreas distintas: A) área de habitat; B) área de  talhe  e uma possível lareira. Os resultados indicam que no local exploraram massivamente o quartzo e quartzito com vista à obtenção de lascas. Os resultados desta intervenção foram recentemente publicados em monografia integrada na 2.ª série das Memórias d’Odiana, n.º 3, de Ana Cristina Araújo e Francisco Almeida, Barca do Xerez de Baixo, um testemunho invulgar das últimas comunidades de caçadores-recolectores do Alentejo interior, EDIA e Direção Regional de Cultura do Alentejo.

    No que concerne ao período Neolítico  encontram-se registados cerca de 14 sítios no actual Concelho de Reguengos de Monsaraz, dos quais 9 pertencem à freguesia de Monsaraz, como exemplos destacamos o povoado do Xerez 12, alvo de intervenções arqueológicas entre  1998 e 2002,  o cromeleque do Xerez, a mamoa da Horta do Reboredo e o menir do Barrocal.  

 

 

 

   No entanto, é no período de transição entre o Neolítico e o período Calcolítico    (Neo-Calcolítico - 379 sítios) que se verifica a maior quantidade de vestígios  no território  acompanhando a densidade de investigações  arqueológicos empreendidas no Concelho. Neste âmbito, destacam-se os trabalhos, na década de 50 do séc. XX, de Georg e Vera Leisner, onde foram inventariados e estudados cerca de 134 monumentos megalíticos, sendo posteriormente estudados e identificados novos monumentos por Henrique Leonor Pina e José Pires Gonçalves.

   A partir da década de 80 do séc. XX  destacam-se os projectos de Victor S. Gonçalves nesta área. A sua investigação incidiu na compreensão da evolução e a interligação entre os monumentos megalíticos e as áreas de ocupação habitacional permanente ou temporária entre os finais do 4º e do 3º milénio, onde se registaram diversos habitats e alguns povoados de maiores dimensões com características excepcionais relativamente ao sistema defensivo, a título de exemplo, destacamos os povoados com sistema defensivo constituído por fosso - Perdigões (R. de Monsaraz); sistema defensivo constituído por muralhas - Monte dos Albardeiros (Campinho), o Castelo do Azinhalinho (R. de Monsaraz) e o Outeiro das Carapinhas/Monte da Estrada (Corval).
   Referimos igualmente os trabalhos arqueológicos empreendidos no decorrer das obras do Regolfo que permitiram um melhor conhecimento e implementação de investigação desta época.



   Na freguesia de Monsaraz verifica-se a referência a 101 registos datados do período  Neo-Calcolítico, entre eles destacamos:

- Povoados -  Herdade do Barrocal; Fonte do Sapateiro 1; Dona Amada de Baixo 5;

                              Gagos 7 e S. Gens 2;



- Pequenos habitats -   Arraieira 2, 5 e 6; Cabeços da Rainha 3 e Gagos 4;



- Monumentos funerários - Antas  do Olival da Pega (OP1 e OP2) - Classificadas como Sitio de Interesse Público, Portaria n.º 167/2012, de 05 de Abril de 2013 - e as diversas Antas da Herdade do Barrocal;



- Monumentos megalíticos não-funerários- Menires - Xerez 2;  Penedo Comprido/Outeiro; Monte Sousel 2; Abelhoa; Gagos e Cabeça Alta e Barrocal; 

                                

- Representações de arte rupestre: Dona Amada 3 e Lameiras de Cima 2;





​   Por último, não poderíamos deixar  de destacar o projecto de investigação que se encontra em curso no Complexo Arqueológico dos Perdigões, desenvolvido desde 1998 pela ERA, S.A.  que poderá conhecer mais a partir daqui:



 

  



Referências:

Base de dados do IGESPAR, Endovélico.

GONÇALVES (1961).

GONÇALVES (1970, 1972, 1975, 1976).
GONÇALVES (1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999).

LEISNER & LEISNER (1951).

PINA (1961, 1962, 1971, 1976).

SILVA (1999).

VALERA; LAGO; DUARTE; EVANGELISTA (2000).

VALERA; LAGO; DUARTE; DIAS; PRUDÊNCIO (2007).

VALERA (2008, 2010).

 

 







Proto-História

   

   Na generalidade, o povoamento da Idade do Bronze caracteriza-se por habitats implantados em povoados fortificados, estrategicamente localizados em zonas alcantiladas, junto a excelentes recursos naturais e jazidas de cobre e ferro, próximos de vias de comunicação, nomeadamente o Rio Guadiana e seus afluentes. A sua estrutura organizativa no território obedece a uma rede de povoamento estruturado com diferentes hierarquias, onde os povoados principais, denominados “lugares centrais”, controlam e dependem do restante povoamento caracterizado por povoados médios, pequenos e pequenos habitats, que se localizam em regiões mais férteis .

   Para o período da Idade do Bronze, no actual território de Reguengos de Monsaraz, conhecem-se no total cerca de 19 sítios, sendo apenas 6 os povoados identificados e 3 com continuidade de ocupação entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, destacando-se Monsaraz, o Monte do Outeiro 2 (Corval) e Rocha do Vigio 2 (Campinho).

   As características da rede de povoamento da Idade do Ferro são semelhantes às da Idade do Bronze, caracterizando-se por povoados centrais que administravam politicamente o restante povoamento – povoados médios, pequenos e granjas -, mantendo-se no período da Idade do Ferro, em alguns casos, os povoados principais.


   Para o actual território de Reguengos de Monsaraz conhecem-se cerca de 15 sítios, sendo apenas 7 classificados tipologicamente como povoados da Idade do Ferro - Castelo Velho do Degebe (R. Monsaraz),  Rocha do Vigio 2 (Campinho), Monte da Estrada 2 (Corval), Monte da Chaminé (Corval), Monte do Outeiro 2 (Corval), Gato (Monsaraz) e Monsaraz. 

   Para a região do Alentejo conhece-se a existência  de um estrato étnico e cultural em época do Bronze Final e Idade do Ferro, denominados de Conni, identificados nas estelas funerárias, sendo estes os povos autóctones que se confrontaram com a chegada dos romanos ao território.



Referências:

Base de dados Endovélico, IGESPAR.

ÂNGELO; PEDROSA (2009).

ÂNGELO; PEDROSA (2011).

CALADO; ROCHA (1997).

CALADO (2008).

GONÇALVES (1961).

SILVA (1999).

 

Época Romana



   A conquista romana na Península Ibérica inicia-se em 218 a. C. nas Ampúrias (Catalunha) tendo sido definitivamente concluída por Augusto em 25 a. C. Durante este período o encontro entre os romanos e as populações indígenas existentes no território de Reguengos de Monsaraz poderá somente ser analisada através da inventariação e estudo dos locais ocupados na Idade do Ferro e o seu reaproveitamento e organização durante a fase inicial da conquista romana.
   Conhecemos actualmente dois locais com ocupação da Idade do Ferro e reocupado em  época Romana, falamos concretamente de Monsaraz e do Castelo Velho do Degebe .
   Após a conquista definitiva da Península Ibérica no século I a. C., o Imperador Augusto reorganizou o território existente, estabelecendo divisões político-administrativas. O território de Reguengos de Monsaraz ficou inserido na região administrativa da Lusitania, Conventus Pacensis, sendo a sua capital a Civitas Ebora Liberalitas Iulia (Évora).
   A organização do povoamento em época romana é, na sua generalidade, para o actual território peninsular conhecido. A rede de povoamento funcionava hierarquicamente dividida em núcleos de características e funcionalidades distintas no âmbito da política de ordenamento político, administrativo, social, económico e religioso:
   - civitas – centro político-administrativo, económico e religioso;
 - vicus – aglomerado secundário de auxílio político-administrativo, económico e religioso da cidade e respectivo território;
   -  villa – exploração latifundiária e centro produtor pertencente a grandes proprietários;
  -  quinta/granja e o casal – explorações uni-familiares mais pequenas, dependentes das villae;
 - pequenos sítios, locais de apoio à prática da agricultura e pecuária existentes nas villae e entre outros locais de apoio à vida quotidiana, como por exemplo estações viárias.

 

   Deste modo, para o actual território de Reguengos de Monsaraz, sabemos que pertencia política e administrativamente ao município romano de Évora. O território desta civitas, a sul, seria delimitado pela linha de colinas que desde Viana do Alentejo  seguia até ao Guadiana, do Rio Ardila até Safara, da Ribeira de Murtigão até atingir a Serra de Aroche. O Guadiana seria parcialmente o limite Este constituindo, deste modo, parte do território de Reguengos e a zona de fronteira da cidade e da província entre a Lusitânia e a  Bética.


   No total estão registados no concelho cerca de 159 sítios de cronologia romana, entre os quais destacamos os que se encontram classificados tipologicamente:  

- Villae - Caridade (R. Monsaraz), Monte dos Mancebos (R. Monsaraz), Monte da Azinheira (R. Monsaraz), Arraieira (8) (Corval) , Monte do Corval (Corval) e Outeiro (4) (Corval);



- Necrópoles: Perolivas (R. Monsaraz), Monte de S. Romão (R. Monsaraz), Herdade do Vale do Gato (Corval), Arraieira (1) (Corval) e Necrópole da Bêlhoa;



 - Granja:  Xerez de Baixo (3) (Monsaraz)



-  Casais: Defensinha (16) (Campinho), Defensinha (4) (Campinho), Duquesa (4) (Campinho), Horta dos Tanques (Corval), Outeiro da Folgosa (Corval),  Tapada Nova (Corval) e Monte do Hospitaleiro (1), (2), (3) (Monsaraz);

  A sociedade romana, que viveu no actual território de Reguengos de Monsaraz, encontra-se parcialmente representada numa pequena percentagem de inscrições funerárias  provenientes de  S. Pedro do Corval, Olival da Pega (Monsaraz), Castelo da Mina (R.  de Monsaraz) e Monte de S. Romão (R. de Monsaraz).

   Os restantes sítios arqueológicos encontram-se descritos como habitats, manchas de ocupação, vestígios de superfície, vestígios diversos ou com a indicação de achados isolados. desconhecendo-se em cerca de 90% dos sítios a sua tipologia, funcionalidade e respectiva importância na rede de povoamento.

   No início do século V d. C., a Lusitânia torna-se palco da guerra civil entre os imperadores Honório e Constantino III, sendo neste clima de conflito/guerra que se vão fixar no nosso território Suevos, Visigodos, Vândalos e Alanos, em 411, terminando desta forma o domínio romano .
   Suevos e Visigodos não trouxeram grandes alterações ao anterior modelo administrativo verificado em época romana. Mantém-se a divisão provincial, onde se concentram os poderes político-administrativos.  



​Referências:​

Base de dados Endovélico, IGESPAR.

ALARCÃO (1988)

ALARCÃO (2002).

ALFENIM (1987).

ENCARNAÇÃO (1982, 1984, 1989). 

GONÇALVES (1961).

SILVA (1999).



Época Medieval

   Durante os séculos V/VI e VII d. C., com a expansão do cristianismo, novas unidades de bispado (dioceses) vão surgir por todo o território. Estas sedes religiosas controlavam diversas paróquias, estruturas físicas que regulavam a prática do culto e acompanhamento dos fiéis, num lugar de culto (ecclesia), baptistério e espaços de enterramento (necrópole). Estes dados são comprovados em algumas zonas do Alentejo, onde os trabalhos arqueológicos se encontram mais desenvolvidos, permitindo a identificação, por exemplo, nas villae romanas de S. Cucufate (Vidigueira), Mosteiros (Portel) e Torre de Palma (Monforte) a existência de basílicas datáveis do século VI/VII d. C.

   Como bispado principal na região temos o caso de Pax (Beja)  e Elvora (Évora) como centro emissor de moeda visigoda. A par do bispado de Beja verificam-se diversos vestígios isolados nas imediações deste território, como por exemplo em Marmelar (Vidigueira), Vera Cruz de Marmelar (Portel), com diversos elementos arquitectónicos pertencentes à fase de tradição visigoda-moçárabe .


   Para o actual território de Reguengos de Monsaraz, mais concretamente na vila de Monsaraz temos a referência através de José Pires Gonçalves da existência na vila de Monsaraz de capitéis de mármore provenientes das muralhas do castelo e a existência de duas moedas em ouro, trientes de Leovigildo (569-586) e Recesvinto (649-672), ambas datáveis de época visigoda, indiciando a provável ocupação no local ou na sua envolvente.


   A partir do ano 711 verifica-se a chegada de povos árabes à Península Ibérica e com relativa facilidade ocupam a maior parte do território, iniciando-se a adaptação e a alteração da organização territorial através da formação de unidades político-administrativas nos locais dominantes em época anterior. As províncias começam-se a denominar por emirados e os conventus e dioceses religiosas visigodas por kuwar (ou kura no singular), destes últimos, salientamos os exemplos de Baja (Beja) e Yabura (Évora), que geriam as mudun (madina) e os seus territórios (hawz, alfoz ou termo) .
   Os indícios de  ocupação muçulmana no actual território de Reguengos parecem concentrar-se na zona de Monsaraz segundo as referências da  documentação medieval e pela análise da toponímia ainda existente no território.
   Segundo José Pires Gonçalves a ocupação muçulmana em Monsaraz ter-se-á efectuado durante o século VIII e constituído uma medina com a designação de Saris ou Sharish pertencente ao reino de Badajoz.


Desta ocupação sabemos que em:
- 1167, após a conquista de Évora, Geraldo sem Pavor conquistou Monsaraz aos Almóadas sob o comando de Abu Ya´qub Yusuf (Yususf I);



-  1173, após a derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz, os Almóadas reconquistam Monsaraz, novamente sob o comando de Abu Ya´qub Yusuf (Yususf I);



-  1232 verifica-se a Reconquista definitiva de Monsaraz, aos almóadas sob o comando de Abu al- Alá Idris al-Mámun (Idris I) ou Abu Muhammad Abd al- Wahid ar-Rachid, no reinado de D. Sancho II com o auxílio da Ordem dos Templários;



   Segundo estes dados documentais a permanência de Monsaraz em domínio muçulmano, teve dois períodos: do século VIII (?), desconhecendo-se a data precisa, até 1167, e após um interregno de seis anos sob domínio cristão, volta novamente para os Almóadas por mais cinquenta e nove anos, perfazendo um total de mais de cinco séculos sob influência árabe.
   Desta ocupação muçulmana, não temos indícios concretos. O único local com suspeição de ocupação islâmica, segundo José Pires Gonçalves, corresponde à Ermida de S. João Baptista, conhecida por Cuba Islâmica e datada, segundo este autor, do século XI-XII. 
Contudo a ermida de S. João Baptista/S. João da Muralha/Cuba islâmica representa um bom testemunho da arquitectura tradicional alentejana da segunda metade do século XVI, na opinião de Vitor Serrão. Trata-se, de facto, de um caso complexo e somente os resultados de sondagens arqueológicas poderiam esclarecer a cronologia da fundação do edifício.

   Os trabalhos arqueológicos realizados por José Pires Gonçalves no interior na ermida, na década de 60 do Século XX, tinham como objectivo provar a origem islâmica, não se conhecendo a existência de relatórios e conclusões sobre as realidades arqueológicas detectadas, nem tão pouco o paradeiro dos materiais retirados durante os trabalhos .
   No decurso dos trabalhos arqueológicos realizados na zona envolvente da ermida, dirigidos por João Correia e Margarida Ataíde (1997), foi posta a descoberto uma necrópole constituída por 14 sepulturas escavadas na rocha, bem como um pavimento/calçada em pedra miúda, disposta em cutelo , que assentava por cima das sepulturas.
   Associadas a esta calçada, foram identificadas estruturas de edifícios, de cronologia anterior ao Revelim e sobre as quais este assenta. O conjunto detectado é composto por dez salas, e segundo os autores, 5 salas correspondem a um espaço profano, mais antigo e datada de época medieval, e uma zona composta por 5 salas, datadas de época moderna que correspondem a uma zona religiosa, localizadas junto à Ermida , apresentando, desta forma, uma diacronia ocupacional desde D. Afonso III (1248-1279) a D. Sebastião (1557-1578). 
Não existindo referências a uma ocupação mais antiga nesta zona.







   Após a reconquista definitiva em 1232 por D. Sancho II (1223-1248) com o auxílio dos Templários e a pacificação do território, D. Afonso III (1248-1279) concede o primeiro foral à Vila (1276), iniciando o povoamento cristão em Monsaraz e do seu Termo, que abrangia terras comunais e baldias, pertencentes ao concelho e terras reguengas e patrimoniais pertencentes à Coroa. O vasto património agrário do concelho e a sua distribuição pelas populações foi orientado por Martim Anes, que terá sido o primeiro Alcaide de Monsaraz e pelo Sesmeiro Domingos Pires .
   Durante este período diversos edifícios forma erigidos na Vila e no seu termo pelo Alcaide e pela Ordem dos Templários, como por exemplo a alcáçova, a Ermida de Santiago, a Ermida de Santa Catarina, entre outros .

   É essencialmente a partir da Reconquista definitiva empreendida por D. Sancho II e após a doação de Foral por D. Afonso III que Monsaraz ganha um novo fôlego, verificando-se um crescimento da população extra-muralhas. Este facto é verificado nas estruturas arqueológicas detectadas na escavação de emergência realizadas em 2008/2009 na  Encosta do Corro - vertente Sudeste de Monsaraz.

   Os resultados arqueológicos resultantes da escavação realizada são promissores a nível científico e patrimonial, revelando a existência de uma vasto conjunto de salas de carácter habitacional e possíveis zonas anexas, localizadas numa extensa área fora do sistema defensivo, reflectindo o crescimento do aglomerado populacional de Monsaraz a partir do século XIII e que poderão estar relacionado com os edifícios encontrados junto à Ermida de S. João Baptista.



   No  reinado de D. Dinis (1279-1325) foi edificado o núcleo primitivo do castelo, tendo sido reconstruída a Torre de Menagem e a cerca, a primitiva Igreja Matriz e o tribunal, edifício que alberga no interior a pintura mural de O Bom e o Mau Juiz.


   A partir de meados do século XIV, instala-se em Portugal uma grave e generalizada crise social, provocada pela peste e falta de condições de vida das populações provocando um êxodo dos campos para as cidades e uma grave crise económica e política agravada pelas guerras com Castela que culmina com a Batalha de Aljubarrota a 14 de Agosto de 1385, com D. João I no trono.



   No reinado de D. Afonso V (1438-1481) temos referências de uma nova crise em Monsaraz atestada pela documentação medieval onde se verifica a solicitação por parte do procurador do Concelho Diogo Lourenço ao rei de uma isenção de tributos aos futuros moradores, fossem eles cristãos, judeus ou mouros. A consciência, por parte da Coroa, da importância da posição estratégica do Concelho de Monsaraz no Sul do território resulta na satisfação do pedido do procurador bem como de uma reforma urbanística na vila e no seu acesso, através da pavimentação das congostas que davam acesso às portas da vila e o pavimento interno da povoação permitindo, desta forma, melhores condições de circulação .





Referências:

Base de dados, Endovélico, IGESPAR.

ANTT - DIGITARQ

AMENDOEIRA (2009).

BRANCO; NUNES (1994).

CORREIA; ATAÍDE (1997).

GONÇALVES (1961, 1962, 1964, 1966).

​MARQUES (1995).

SERRÃO (s/d).

​Foral  Manuelino de Monsaraz 1512-2012 (2012).

​);

  

 

 

Época Moderna



   O reinado de D. Manuel I é muito significativo para Monsaraz: a outorga do novo foral (1512), a restituição da vila e seu território à casa de Bragança e a criação  da Misericórdia de Monsaraz em 1520 onde se integraram a albergaria e o Hospital do Espírito Santo .

   A partir da 2ª metade do século XVI (1580) até à 1ª metade do século XVII (1640), Portugal esteve sob o domínio de Espanha. Inicia-se a partir deste período, já com D. João IV no trono, uma reorganização das forças militares e uma readaptação das fortalezas fronteiriças para fazer face aos confrontos com Espanha entre 1640 a 1668, tendo sido reconhecida a independência de Portugal a 13 de Fevereiro, já no reinado de D. Pedro II.

 

   Como zona fronteiriça da linha do Guadiana, Monsaraz recebe neste período uma reforma militar através dos engenheiros franceses Nicolau de Langres e Jean Gillot que redesenham todo o sistema defensivo da fortificação medieval e das atalaias do seu termo, adoptando para a fortaleza o sistema franco-holandês ou de Vauban.


   O sistema defensivo da fortaleza manteve-se até aos nossos dias com algumas alterações bem como a rede de atalaias.
   No caso do território de Reguengos de Monsaraz existem referências a diversas atalaias: Atalaia do Meirinho (Campo), Cú de Pato (Campo), Porto de Espada (Campo), Rocha da Gramacha 1 (Campo), Atalaia do Porto das Carretas (Monsaraz), Cabanas da Choupana (Monsaraz), S. Gens (Monsaraz), Monte do Gato 2 (Monsaraz), Xerez de Baixo (Monsaraz) e Porto de Portel (Campinho). De uma forma geral,  constituíam estruturas defensivas, torres de observação, localizadas estrategicamente ao longo do curso do Rio Guadiana que denunciam a resistência das populações face aos conflitos ibéricos .
   

   


A partir do século XIX, a sede do Concelho foi transferida para Reguengos de Monsaraz, tendo entrado a vila e fortificação em declínio.



Referências:

Base de dados Endovélico, IGESPAR.

ÂNGELO; PEDROSA (2009)

ÂNGELO; PEDROSA (2011).

AMENDOEIRA (2009)

GONÇALVES (1962, 1966)

SILVA; PERDIGÃO (1997).

Foral  Manuelino de Monsaraz 1512-2012 (2012).

Barra cronológica



Pré-História

Paleolítico: período da História da Humanidade em que os Homens faziam os principais instrumentos em pedra, praticavam uma economia de recolecção e dominaram o fogo.

 

(4 milhões a.C. - 9000  a.C.)



Mesolítico: período da História da Humanidade onde as sociedades de caçadores-recolectores iniciam um processo de sedentariação sazonal, através da implantação de acampamentos fixos especializados em actividades relacionadas com os recursos do próprio local, como por exemplo a exploração dos recursos do mar ou dos cursos dos grandes rios.



(10 000 a.C. - 5 000 a.C.)

 



Neolíticoperíodo da História da Humanidade caracterizado pela sedentarização do Homem, pela formação de sociedades produtoras - agricultura, domesticação de animais e aperfeiçoamento de técnicas e instrumentos de uso quotidiano (em pedra polida).



(10 000 a.C. - 3 000 a.C.)



Megalitismo: "mega - grande + "lithos" - pedras;  fenómeno cultural e religioso das sociedades camponesas que se começou a desenvolver pela Europa Ocidental a partir do V.º milénio a. c., inserido num período cronológico do Neolítico Final, - antas, enterramentos em grutas artificiais ou naturais  (escavadas para o efeito), tholoi (monumento funerário), recintos megalíticos (cromeleques - conjunto de menires) e menires isolados. 

 

 

 

Calcolítico: período situado entre o Neolítico e a Idade do Bronze, onde  algumas sociedades agro-metalúrgicas  apresentaram manifestações culturais diferenciadas no período anterior - construção de povoados fortificados,  novos monumentos funerários (grutas artificiais e tholoi) e alteração dos artefactos do quotidiano (cerâmica, mós manuais e metalurgia do cobre).

(2 500 a.C. - 1 800 a.C.)



 



 

 

Proto-História



Idade do Bronze: período da civilização no qual ocorreu o desenvolvimento desta liga metálica, resultante da mistura de cobre com estanho. 

 

(1800 a.C. - 700 a.C.)





Idade do Ferroperíodo  caracterizado pela utilização do ferro como metal, importado do Oriente através da emigração de tribos indo-europeias (celtas), que a partir de 1 200 a.C. começaram a chegar a Europa Ocidental,  até à conquista romana - século I a.C.

   No actual território Português, a Idade do Ferro divide-se em 2 períodos:

 

-  I Idade do Ferro: 800 a.C a meados de 500/inícios de 400 a.C.;

 - II Idade do Ferro: meados de 500/inícios de 400 a.C. a 100 a.C.;





(800 a.C. - 100 a.C.)













Época Romana:u O Império Romano foi um Estado que se desenvolveu a partir da Península Itálica. Expande-se para a Península Ibérica no século II a.C., não só para controlarem o mar Mediterrâneo, mas também para explorarem os seus importantes recursos minerais (ouro, prata, ferro, estanho e chumbo) e agro-pecuários (azeite, vinho, cereais, entre outros).

A organização de todo o  território romano foi  dividido em províncias e o nome dado à Península Ibérica foi Hispânia - subdividida em Hispânia Citerior (Nordeste), dando posteriormente origem à Tarraconense e Hispânia Ulterior (Sudoeste), posteriormente reorganizada em duas províncias - Bética e Lusitânia.

A Lusitânia foi subdividida  em três conventus :



- Conventus Emeritensis, com capital em Emerita Augusta (Mérida);


-Conventus Scalabitanus, com capital em Scalabis Iulia (Santarém);


-Conventus Pacensis, com capital em Pax Iulia (Beja);



Após 700 anos  o império romano do Ocidente cai em  476 d.C. com a tomada de Roma por povos bárbaros. O Império Romano do Oriente termina com a tomada de  Constantinopla pelos Otomanos em 1453.



 

(200 a.C. - 476 d.C.)











Época Medieval​período da história da Europa entre os séculos V e XV.  A Idade Média é  frequentemente dividida   em dois períodos:



- Alta Idade Média:  século V ao IX/X: continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana e invasões bárbaras (Visigodos, Ostrogodos, Vândalos, Suevos, Alanos, Anglo-Saxões e Francos);



- Baixa Idade Média: século X a XV: verifica-se na Europa um grande aumento demográfico,  um renascimento do comércio, à medida que inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. É ainda durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o feudalismo — uma estrutura política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial o direito a cobrar impostos em determinado território .























































































































































 

Época Modernaépoca de revolução social cuja base consiste na substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista.   De um modo   genérico aceita-se o seu início  estabelecido pelos historiadores franceses, em 29 de Maio de 1453 aquando da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e o seu  término com a Revolução Francesa, em 14 de Julho de 1789.​ 



(1453 - 1789)















 



Época Contemporânea: período actual da história do mundo ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789) até aos nossos dias.









ADIM

Travessa da Misericórdia 7200-175 Monsaraz

© 2013 by ADIM| Todos os Direitos Reservados. 

 

Última actualização Março de 2014

bottom of page